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Domingos em Concreto
Ação Educativa

Fundação Iberê Camargo | 2024

O projeto Domingos em Concreto nasce da minha experiência como artista e educador atuando no Programa Educativo da Fundação Iberê Camargo entre os anos de 2023 e 2025, e do desejo de propor uma aproximação mais orgânica entre o público e os ativos fundamentais da instituição: a obra de Iberê Camargo e a arquitetura projetada por Álvaro Siza. A proposta partiu de uma escuta atenta às dinâmicas cotidianas da fundação e de uma investigação prática sobre como pequenas intervenções no fluxo habitual das pessoas poderiam gerar encontros significativos com a arte e o espaço.

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Inspirado em estratégias situacionistas e no potencial das ações espontâneas, o projeto estabeleceu os primeiros domingos de cada mês como um espaço-tempo de convivência e criação, propondo ateliês livres de modelo vivo, realizados na área externa da fundação — o concreto, nesse contexto, foi pensado não apenas como material ou suporte, mas como palco e trampolim para as atividades culturais. Assim, o concreto branco das rampas e átrios, elemento icônico da arquitetura de Siza, foi ativado como lugar de permanência e não apenas de passagem, ampliando os modos de relação com o prédio e com a cidade.

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O modelo vivo, prática recorrente no ateliê de Iberê Camargo e presente em séries como As idiotas e As ciclistas, foi mobilizado aqui como linguagem educativa e disparador criativo. Cada edição propôs um tema ou situação que guiou as sessões de desenho, sempre contando com a presença de atores convidados, que traziam autoralidade às poses e interações. O projeto assumiu a não rigidez como metodologia: sem inscrições prévias ou tempo obrigatório de permanência, convidava os participantes a se engajarem no ritmo de seu próprio desejo, favorecendo o acesso e a participação espontânea de públicos diversos. 

Entre os objetivos centrais da proposta esteve também a intenção de colocar o educativo em evidência, não apenas como setor de mediação, mas como espaço ativo de proposição cultural e artística da fundação. A escolha por realizar as atividades no térreo, nos braços das rampas, ao lado da entrada e do café, foi estratégica para ampliar o alcance das ações, conectando o público da orla, passantes, visitantes ocasionais e habituais em um ambiente de experimentação e diálogo.

 

Resultados alcançados:


Ao longo do projeto-piloto, realizado entre setembro e novembro de 2024, o Domingos em Concreto consolidou-se como um dispositivo eficaz de aproximação com a comunidade local, promovendo encontros multigeracionais, com forte participação de famílias, crianças e visitantes ocasionais. A cada edição, notou-se não apenas o envolvimento direto nos desenhos, mas também a presença de observadores, que acompanhavam as atividades como quem assiste a uma performance, demonstrando interesse, fazendo perguntas e, muitas vezes, sendo convidados a experimentar. Essas interações resultaram em conversas potentes sobre a obra de Iberê, sobre a arquitetura do prédio e sobre o papel da fundação como espaço cultural.

Além da ampliação do público e da ativação de novas presenças no espaço, o projeto contribuiu para fortalecer a imagem do educativo como agente criador e propositivo dentro da programação institucional, reafirmando o potencial da mediação para a construção de experiências sensíveis e significativas no encontro entre arte, arquitetura e público.

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